27 de março de 2004

Sobre o "Ensaio sobre a lucidez"

Já está, “Ensaio sobre a lucidez” já era. Devorado que está o último de Saramago, faltam agora os resumos e as recensões. Para já mantenho a opinião formada pela critica de que o titulo é arrogante e presunçoso. O facto de Saramago pensar, demagogicamente, que o sistema está corrompido e podre, o que é já um lugar comum, é outra arrogância e presunção. Se passados praticamente 30 anos de conquistada a democracia, deixamos de acreditar nela, então estamos a caminhar para um perigoso pântano que culminará numa qualquer ditadura. Recuso-me a pensar assim. Eu acredito na Democracia, sei que a cunha não é uma instituição, a antiguidade não é um posto e acredito que os Juizes e demais magistrado fazem tudo pela Justiça. Saramago parece acreditar ser o único dono da verdade, não acredita numa sociedade pluralista e não admite que os seus adversários politicos possam ganhar seja o que fôr, nem sequer legitimidade democrática.

Apetece-me assim, repetir aqui o teor de um artigo de 2002 in “Correio dos Açores”

“Um Nobel presunçoso

José Saramago, 0 hispano/português laureado com o prémio Nobel da Literatura pela Academia Sueca, avisou esta Semana(2002-03-07) que se o PSD ganhar as eleições, ele Saramago não participará¡ em qualquer iniciativa governamental ou cerimonia Pública. Qual Presunção. O Nobel Saramago talvez não saiba, por ignorância ou por maldade, que não tem lugar cativo no Protocolo de Estado ou nas listas de precedências das Regiões Autónomas. Por isso, quando é convidado, o é apenas por especial deferência do mesmo Estado ou Região Autónoma, entidades que, principalmente em Democracia pluralista, não deixam de ser o que são por serem representadas por quem são.

Assim, quem declina convites, deferentes, do Estado Nação, declina um convite do seu próprio Povo. Quem o faz, é mal educado, intolerante, arrogante, presunçoso e não merece a cidadania Portuguesa. Aliás, Saramago despreza a Nação e agora pretende desprezar o Estado, optando mesmo por, viver a maior parte do tempo fora do País, numa luxuosa casa na Ilhas canárias, longe dos problemas e das questões que afligem quotidianamente os Portugueses. De quando em vez, vem a Portugal., dá uma meia dúzia de arrotos para a imprensa, para lembrar ao Portugal anónimo que existe, para lembrar ao Portugal generalista (que está nas tintas para a literatura e para a língua Portuguesas) que afinal ele existe e que não é Espanhol.

Resta saber e a dúvida permanecerá se Saramago não anunciou esta medida numa antecipação aquilo que Ele acha que vai acontecer. Ou seja, como sabe que, com o PSD no poder, não vai ter qualquer tipo de especial deferência apadrinhamento ou “apaparicamento”, antecipou-se e disse que era ele que não queria ir a cerimónias públicas. Assim o “Povão” fica sempre sem saber se o Homem não foi porque não quis ou se não foi por não Ter sido convidado.
Contudo, a grande verdade é que o facto de ser Português, o facto de Portugal não ser laureado com um nobel há já bastantes anos pesou, certamente muito, na decisão da academia Sueca. Se Saramago não fosse Português, provavelmente não tinha recebido o Prémio Nobel.
No dia em que Saramago ganhou o Nobel, o galardão terá envaidecido o autor, terá envaidecido muitos Portugueses, terá envaidecido quase todos os comunistas mas certamente ao nível das elites intelectuais do resto do mundo, o prémio nobel perdeu o valor que tinha em termos de objectividade e de imparcialidade nas suas escolhas. Na verdade, o prémio que se pretendia laureasse um escritor de causas, generalista, internacional e abrangente, acabou por agraciar um escritor que já se sabia era Sectário, requintadamente vingativo, visceralmente Comunista e agora se sabe que é presunçoso, arrogante e intolerante. Qual erro.”


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