3 de março de 2004

Uma reflexão sobre "Da Ausência de Referências "

O Franciscio Botelho deixou um "post" há pouco no Entramula que me resolveu o problema existencial de "postar" hoje.

Caro Francisco.

Eu sou um sonhador, um habitante da Ilha de Thomas More, um Cândido de Voltaire. Eu acredito que este grande “Centrão” de que fala o André a respeito das tuas dúvidas sobre referências, é precisamente o atingir da quase perfeição. Não Há centro o que há é uma consciência maior do que é bom e justo. A Esquerda não pode ser dona das questões sociais é o mesmo que dizer que eu não me preocupo com os pobres, os desfavorecidos, os que dormem nas vitrinas, os alcoólicos, os toxicodependentes, os filhos deles, todos, todos. Por outro lado, a Esquerda também não será tão obtusa que não perceba que o sistema capitalista tem vantagens, tem por exemplo, a vantagem de gerar riqueza para pagar pensões, RMG, fazer hospitais, fazer lares de idosos, fazer coisa para esta gente que não tem acesso à riqueza e que em séria reflexão sabemos que não vai ter nunca.
Por exemplo em relação ao RMG, não sou um critico. Embora em tempos tenha feito o discurso demagógico que era pagar para não trabalharem, hoje sei que quem não quer trabalhar não trabalha mesmo. Não trabalha se lhe pagarem o RMG, como não trabalha se não lhe pagarem o RMG. Mas os seus filhos que até podem ser uns lutadores, se não pagarmos o RMG não vão à escola porque têm que ir ganhar para o pão, na terra, nas vacas, nas pescas, nas fábricas, nas obras e na prostituição infantil.
Definitivamente eu sou a favor do RMG.
Sou, por isso de esquerda?
Por isso, já nem temos pejo em coligarmo-nos com alguns daqueles que um dia apelidaríamos de "Comunistas Católicos", aqueles que viam no lucro privado um pecado politico, aqueles que vociferavam os mais agressivos adjectivos sobre o patronato e o empresariado, aqueles que nos roubaram nos espoliaram e depois nos venderam novamente o que era nosso, aqueles que dividiram o que não era deles e que dai tiraram dividendos políticos, quais Robin Hood dos tempos modernos.

Sem comentários:

Arquivo do blogue