12 de outubro de 2004

Democracia sem lastro

Teresa de Sousa traz-nos hoje no Público um artigo de opinião bastante interessante, infelizmente indisponível on-line por isso sem link.
O Francisco dizia ontem no seu ENTRAMULA que, "Todos gostamos de ouvir ou ler alguém que diz aquilo que também dissemos e dizemos tantas vezes".
Pois a tese de Teresa de Sousa hoje vem ao encontro daquilo que defendi sobre a falta de lastro da nossa democracia. Dizia eu, há uns dias atraz, a respeito do episódio Gomes da Silva/Marcelo R.Sousa/TVI, que "A haver caso, repito a haver caso, então a nossa democracia está completamente deslastrada e sem um dos seus principais garantes o 4º poder, o poder dos média".
Hoje parece já ninguém ter dúvidas sobre o facto de ter existido caso. Embora me custe propalar aos sete ventos a existência de um novo "Lápis Azul" em Portugal, não me custa absolutamente nada admitir que Marcelo Rebelo de Sousa foi pressionado pelo poder económico que de uma forma muito directa tutela a informação da TVI. O grave desta situação é o facto de poderem existir pressões do estado sobre os média. Isso não deveria ser possível e apenas o é porque, como já disse, existe uma omnipresença do estado na vida económica nacional e na gestão da coisa privada, situação essa que muito agrada à esquerda tanto tradicional como moderna. Todos dependemos um pouco do bom ou mau humor de um qualquer funcionário. Isso é lamentável e pernicioso numa democracia, que se pretende cada vez mais aberta e arejada, onde os direitos de cada um não colidam com os direitos de cada outro e onde os deveres de cada um não estejam em contraponto com a impunidade de cada outro.
Diz Teresa de Sousa, no seu artigo de hoje: "Há manifestamente um défice de cultura democrática em Portugal". Não é isso o mesmo do que dizer que a nossa democracia é uma democracia deslastrada?

Arquivo do blogue