11 de outubro de 2004

Sociedade Anónima para a Agricultura

O candidato do PS à presidência do Governo açoriano nas regionais de 17 Outubro, Carlos César, foi a S. Jorge anunciar a criação nas ilhas de uma sociedade anónima para promover investimentos na área das infra-estruturas agrícolas. Domingo no comício com que fechou o oitavo dia de campanha, Carlos César adiantou que a nova sociedade vai substituir o Instituto Regional de Ordenamento Agrário (IROA), entrando para o respectivo capital o património florestal da região.

Fotografia de Francico Botelho
Mesmo sem conhecer o projecto, até porque ainda não existe, bem se pode imaginar o que vai acontecer.
Em primeiro lugar, vai ser a criação de mais uma Sociedade Anónima de capitais maioritariamente, senão totalmente públicos, só isso já é pernicioso. Para gerar receita, encontraram um meio muito fácil, desbaratar as matas regionais, grande parte delas plantadas no tempo do Sr. Possidónio e do grande déspota Adolfo Lima.
O nosso património Florestal, algum dele conquistado, infelizmente, à custa da floresta endémica, é das poucas coisas em que não devemos mexer. Desde logo por via do equilíbrio ambiental e depois por razões de ordem económica. Assim que uma empresa de capitais públicos entrar no negócio da madeira, deixará de fazer sentido os privados investirem nessa área e se já existem muitos terrenos de altitude abandonados mais aparecerão. Nenhum empresário gosta e tem capacidade financeira, para competir com uma empresa de capitais públicos.
Estruturalmente, mexer no património Florestal dos Açores é destruir um sector que, apesar da sua debilidade, ainda dá trabalho a muita gente e onde o mercado funciona. Esta é mais uma tentativa de destruir o tecido empresarial dos Açores em nome da criação de um "aparachik". São mais três administradores, umas quantas secretárias e mais uns quantos assessores, conselheiros chefes e mais chefes e mais índios e mais e mais e mais. E assim se vai criando o aparelho que César diz o seu partido não ter.

Post Scriptum: Para melhor documentar este texto, recorri à página WEB da Direcção Regional dos Recursos Florestais. Que tristeza! É isso que anda a fazer a tal Direcção Regional da Ciência e Tecnologia?

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