8 de novembro de 2004

Depois de uma longa noite de trevas

Sinto-me levado em braços pelos melhores escritores e pensadores dos Açores no momento. Fui premiado pelos nossos Amigos do :Ilhas com o prémio para melhor Blogue individual dos Açores. Enquanto o Pedro Arruda, de quem me tornei grande amigo nos últimos 12 meses, justificava a minha nomeação para o prémio, quase chorei. Na verdade, sabia que o prémio era para mim, tinha essa certeza entranhada até ao mais recôndito espaço das minhas vísceras. De tanta alegria que me invadiu e de tanta vaidade que tomou conta de mim no momento, não fui capaz de dizer coisa que prestasse. Agradeci à minha Mulher e às minhas Filhas o tempo que lhes roubo para escrever. Pedi perdão ao meu patrão, que é uma indivíduo insuportável, que não me larga por um único minuto, e cobra as horas que roubo às empresas e ao trabalho. Vou ter que esquecer o pedido de aumento que tinha programado para o final do ano. E não fui capaz de dizer mais nada. Até me faltou o fôlego. No fim, ainda estava reservada mais uma surpresa. Os presentes, uma grande maioria dos que considero os melhores Bloggers Açorianos, votaram maioritariamente na minha pessoa para o prémio de melhor autor da Blogosfgera Açoriana. Prémio injusto. Desse eu não estava à espera. Afinal há muita gente que escreve muito melhor do que eu, mas como eu, bem como eu é que ninguém escreve por que nessa coisa da escrita, quando ela é espontânea, ninguém imita ou é sequer capaz de imitar outro alguém. E os erros? Quem seria capaz de cometer tantos erros e tantas gralhas e conseguir um prémio destes? Ninguém. Só mesmo pela quantidade que não é sinónimo de qualidade, como bem sabemos todos.
Passamos todo um século sem que existisse nos Açores e em Portugal uma geração de tão bons escribas e polemistas. Sem querer comparar a nossa à geração de Antero, dúvidas não tenho que durante todo o século XX não houve uma geração como a nossa. Pelo menos em Portugal, o Sec. XX será visto como uma segunda noite de trevas, com o pensamento livre de cada um amordaçado por duas Guerras Mundiais e por uma ditadura abjecta, com polícia política, o Tarrafal, a prisão do Aljube e o silenciador lápis azul da censura. Somos uma geração que teve a sorte de crescer em liberdade e com as novas tecnologias a ajudarem bastante.
Não me canso de citar, talvez com alguma falta de rigor por o fazer de memória, uma frase que li na revista visão há cerda de um ano e que me parece ainda, e cada vez mais, actual "a blogosfera é o sitio onde melhor se pensa e escreve em português no momento".

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