21 de junho de 2005

Bairrismo o cancro das Ilhas

Sempre me disseram que o pior dos bairristas é o bairrista de importação. É verdade. O bairrista de importação, mercê da sua condição de imigrante, tenta a todo o custo afirmar-se no meio onde passa a residir defendendo-o contra todos os factos e argumentos. O Professor Tomaz Dentinho e a sua entrevista ao Expresso das Nove desta semana são bons exemplos dessa demagogia bairrista com necessidades de afirmação. Não obstante concordar com muitas das coisas que diz, não posso deixar de reparar nesta pérola do bairrismo doentio e cego.
Basta imaginarmos que se a sede da SATA, os combustíveis ou o transbordo de navios se fizesse livremente e fossem, de alguma forma, os portos de Angra ou da Praia reforçados como devem ser... Nessa altura, o equilíbrio seria diferente, e até se potenciaria a ligação entre Praia da Vitória e Ponta Delgada.
Oh! Sr. Professor se a sede das empresas, os combustíveis e os transportes fossem de opção livre dos seus operadores, a Terceira estaria como a Graciosa está hoje, ou seja com um navio de 15 em 15 dias para abastecer o hiper Modelo e a Graciosa estaria como há 30 anos com o Espírito Santo a fazer cabotagem entre o Porto das Pipas e a Praia da Graciosa levando gaz e trazendo meloas.
Se os Micaelenses, em tempos idos, não tivessem fundado uma companhia de transportes marítimos, outra de Aviação (a primeira do País), um banco e uma seguradora, que foram postos ao serviço de todos os Açorianos, provavelmente os Açores seriam hoje muito mais pobres.

Caríssimo Tomaz
Aparentemente, a centralidade de Ponta Delgada é artificial, na verdade ela é uma realidade incontornável e que só não é mais porque este Povo daqui não tem o desplante nem a insensatez de ser bairrista e trabalha mais um bocadinho em vez de estar a desgastar-se com guerrilhas inúteis.
Basta consultar os sucessivos planos e orçamentos regionais desde 1975 para confirmar que o investimento público per capita efectuado na Ilha de São Miguel foi sempre menor do que em qualquer outra Ilha dos Açores.
A Terceira tem tudo para ser central, falta-lhe gente e iniciativa empresarial, coisa que por aqui vai havendo, apesar dos constrangimentos e da falta de investimento público em infra-estruturas fundamentais. Dou-lhe o exemplo das pescas. 90% do investimento foi canalizado para os Portos da Horta, Madalena e Praia da Vitória. Em Ponta Delgada só agora se está a fazer o que devia ter sido feito há 20 anos. Mesmo assim, a única Ilha onde o sector cresceu foi nesta do Arcanjo. Só posso concluir uma coisa, quanto mais o estado investe e protege pior para a economia, já que abandonados durante o reinado de Adolfo Lima crescemos enquanto outros, apaparicados minguaram.

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