9 de agosto de 2005

Mais pedestrianismo

Na impossibilidade de estar na Ilha do Pico onde os Amigos dos Açores fizeram a escalada à montanha mais alta de Portugal, fiquei-me pela Ilha de Gonçalo Velho onde se estão a dar os primeiros passos no que ao pedestrianismo concerne.Desta feita foi o passeio do Pico Alto que me levou pelas entranhas da Ilha de Gonçalo Velho. Num fim de tarde de Domingo soalheiro, parti em busca de evasão na companhia do meu sobrinho de 14 anos - esta juventude tem que ser introduzida nestas andanças ? Fizemos um pouco de batota, a tarde ia alta e tínhamos que ganhar tempo. Por isso, pedimos a alguém que nos levasse de carro até ao cume do Pico Alto onde tomamos o trilho em direcção à Freguesia de São Pedro com passagem pela "Florestal do Alto".

Pelo trilho adiante fomo-nos deparando com algumas dificuldades, entra as quais destaco a falta de limpeza do mesmo. A encosta do Pico alto, na sua vertente virada a norte encontra-se quase toda tomada por infestantes, nomeadamente incensos e conteiras. Se os primeiros são praticamente inofensivos o mesmo não se poderá dizer da segunda que tomou - a par com algumas silvas maliciosamente disfarçadas pelo meio - quase por completo a trilho, num manto vegetal tão denso que nos custa a avançar. Mesmo assim, ainda dá para ver alguns exemplares de flora endémica das Ilhas.
Na parte mais alta da serra pode observar-se a norte o lugar com esse nome e a sul toda a planície onde está implantado o Aeroporto de Santa Maria, aquele que foi um dos mais importantes aeroportos durante o nascer da aviação comercial e até os aviões se tornarem de tal forma autónomos que foram deixando de necessitar reabastecer nas suas viagens entre o Velho e o Novo Mundos.
Ao fim da descida do trilho, numa zona mais cuidada, encontra-se a Casa de Guarda Florestal, implantada num pequeno planalto construído para o efeito. Esta casa está totalmente abandonada por ter deixado de ser útil. Essas casas de guarda foram instaladas durante o Estado Novo e faziam parte de um plano integrado de prevenção dos fogos florestais. Algo que faz falta ao País neste momento. Vivi os meus primeiros anos de existência numa casa destas no lugar do Poceirão, na Vila do Nordeste na Ilha de São Miguel, felizmente ainda hoje habitada.
É uma pena que este património arquitectónico se esteja a degradar, tanto mais que para construir uma casa com as características desta é necessário despender de largas dezenas de milhar de euros.
Muito há a fazer para preservar os trilhos existentes e marcar outros tantos nesta Ilha. A manutenção dos mesmos, cabe a diversos organismos através de protocolos assinados, julgo que com o Governo Regional. Sugiro que a secretaria da tutela fiscalize melhor a forma como são gastas as verbas com esta operação, já que, nos dois trilhos que percorri este verão, encontrei falhas de sinalização e zonas onde as silvas tomaram o trilho.

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