4 de abril de 2006

Dez anos de estado de graça é tempo a mais..

...ou algo vai podre em terras de Antero.
Ao longo dos últimos dez anos assistimos impávidos e serenos a um quase total acomodamento das mais importantes corporações açorianas. Não obstante a situação económica ser preocupante, apenas esbatida pela baixa taxa de desemprego suportada por uma baixíssima massa salarial, a verdade é que pouco ou nada se tem ouvido os abusivamente apelidados de patrões dos patrões.
Numa sociedade onde a democracia parlamentar está hipotecada pelo "cinzentismo", pela letargia e pela atitude subserviente dos mais directos representantes do Povo perante os seus governantes; Numa sociedade onde os governantes preterem sistematicamente esse poder representativo em favor do poder corporativo. Se as corporações se acomodam, se abaixam, se domesticam, então estamos perante um grave problema de défice de democracia.
E quando falo de défice de democracia, não o faço propriamente no sentido da falta de liberdade de expressão que felizmente por aqui vai havendo, não falo de perseguições que por aqui as há mas pouco, nem falo de corrupção que por cá é mais uma questão de "amiguismo" do que propriamente um fenómeno generalizado e de grandes dimensões. Não, não falo das pequenas coisas que nos incomodam no dia-a-dia. Falo sim, das grandes questões de representatividade do Povo junto do seu poder.
Nós escolhemos, democraticamente, muito democraticamente diga-se, um sistema de poder tripartido, assente na eleição directa de um Presidente da República, na eleição directa dos nossos mais directos representantes e na escolha indirecta dos membros do Governo, esses serão porventura os que estão investidos de menor legitimidade democrática. É sempre bom lembrar que, quando um membro do Governo desrespeita o Parlamento ou um qualquer parlamentar seja ele de que força seja, estamos perante um acto de arrogância politica vindo de um poder não eleito directamente para com um poder democrática e universalmente eleito.

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