13 de julho de 2007

Espero bem que seja só amanhã. Como o fiado.



Lê-se num ápice. E quando se lê num ápice é bom sinal. É uma simbiose perfeita de um tema pesado com uma escrita light. Ao ler ouvia o Carlos a falar, as suas expressões quotidianas, as interjeições, os adjectivos. Este livro és tu feito papel.
Confesso, irritam-me as histórias dos “tipógrafos Malaquias”. Talvez, por isso, tenha demorado algum tempo a pegar neste romance do Carlos Tomé. Antes de o ler, fiz uma coisa que raramente faço, li todas as suas críticas (conhecidas). Ainda reagi pior a pegar-lhe, irritam-me os "unanimismos". Finalmente, hoje de manhã, peguei e sorvi cada uma das suas palavras como se fosse morrer amanhã, como se não houve já noite. Ouvi os gritos dos macacos e o chilrear da passarada na selva africana. Conheci a Alice.
Penso nela .E em nós jantando. Sinto-me inseguro. À mesa, se contar com os meus fantasmas, seremos uma multidão. (…)
A sirene de uma ambulância traz-me de volta à avenida. Passei. Olhando sem ver, por um edifício de uns doze andares. (…) O monstro lembra uma bota da tropa entre sapatinhas de Ballet. (…)
Há pessoas que passam pela nossa vida com a velocidade de um relâmpago e, apesar da volúpia da sua passagem, deixam marcas indeléveis. Há pessoas que, mesmo que não nos falemos com muita frequência ou que não concordemos com muitas das suas ideias, consideramos nossos amigos. Até porque, como escreveu Vínicos de Moraes, (...)Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.(...)

Bem Hajas Carlos Tomé. Amigo.

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