14 de setembro de 2007

A segunda etapa.

O Hemingway deslizava pela costa Africana no sentido do equador. Largara do Tarrafal na Ilha de São Nicolau ontem às 16h30m.
O Meu telemóvel tocou. Detesto ouvi-lo à Sexta-feira. A custo peguei-lhe e li: Hemingway. Rapidamente desliguei e devolvi a chamada, ser eu a pagar para falar-mos é parte do meu patrocínio. Do lado de lá a voz animada do Genuíno adivinhando ser eu atende com um característico “então companheiro?” Falamos de Cabo Verde, do tempo, do preço do gasóleo, das crianças, dos homens e das mulheres. Falamos e dissemos quase tudo o que um Homem solitário no meio do mar depois de ter iniciado uma viagem de 32 dias precisa de ir ouvindo. Ouvi, também. Ouvi um velho amigo perguntar-me pla pesca, pela Horta , pela minha gente. Não havia maneira de acabar aquela chamada. Deu ainda para me relatar a dia de navegação. “Corre uma brisa fresca, favorável, tenho que aproveitar, mais a baixo não espero senão calmarias.” Na minha calmaria estonteante de Industrial, pato bravo, agricultor, camionista, quedei-me imaginando como seria estar sozinho durante 32 dias, mesmo que em terra firme. Enlouquecia talvez.
«O homem não foi feito para a derrota. Um homem pode ser destruído, mas não derrotado.»
Hemingway, O Velho e o Mar
Expressão retirada do Portugal dos Pequeninos

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